“Até quando continuaremos a aceitar que os
velhos LOBOS continuem fazendo do BRASIL tudo o que querem como se fossem os únicos donos, pois devemos ter a
plena consciência de que aceitamos tudo passivamente calados, sem fazer nada, e
sempre persistindo no mesmo erro de votar novamente em quem criticamos e vemos
todos os dias nas principais manchetes sobre o tema corrupção, será que vamos
novamente em 2014 errar novamente, será que o BRASIL realmente acordou, o que
mais quero e o que mais desejo é que o que está acontecendo no Brasil possa
realmente mostra que você Eleitor é o verdadeiro patrão”
Relendo uma entrevista de 2008, quando Roberto Civita completou
50 anos na Abril, uma publicação comemorativa trazia a seguinte entrevista - na
verdade uma colagem de discursos, palestras e depoimentos feitos a partir de
1968. Ela resume o pensamento do editor sobre jornalismo e sobre o Brasil
Como o senhor definiria o
Brasil? O
Brasil é um fascinante, exasperante e bendito país!
Qual a razão do otimismo? Nasceu em casa. Conto uma historinha para ilustrar o que
aconteceu pouco antes do golpe militar de 64. Um jantar na casa do meu pai com
uns oito ou dez amigos dele e os caras dizendo: “Eu estou tirando o meu
dinheiro do Brasil...”, “Estou vendendo a minha fábrica...”, “Vou voltar a
viver na Europa...”. O tom era esse. Eu calado porque eram todos de outra
geração. Então, meu pai disse: “Pois eu estou comprando uma nova rotativa que
custa 5 milhões de dólares”. Os amigos reagiram: “Você está maluco?”, “O que é
que deu em você, enlouqueceu?”, “Você não está vendo o que é que está acontecendo
neste país? O Brasil vai virar comunista...”, “Acabou tudo e você está
investindo...”. A resposta do meu pai foi: “Se tomarem a minha empresa, pelo
menos vão tomá-la com uma gráfica decente... É melhor que fiquem com uma
gráfica grande”.
O comunismo não veio, o Brasil
não acabou e passou até a se modernizar mais rapidamente... É como dizem os hindus: a sorte é metade do sucesso. Mesmo
assim, o que não falta é exasperação, certo? Era agosto de 1983. Eu dava uma
palestra na Abril e dizia: “O Brasil está cansado e frustrado com a crise, com
a corrupção, com a falta de perspectivas e com um governo que não governa”.
Felizmente, concluí a palestra com uma nota otimista, e da qual muito me
orgulho. Disse então: “Da mesma maneira que reencontramos os caminhos da
democracia e soubemos mergulhar na abertura sem perder o equilíbrio, tenho a
certeza de que — muito antes do que se possa imaginar — reencontraremos o
caminho do crescimento econômico. Para isso, vai ser preciso repensar e mudar
muitas coisas. Mas não tenho dúvida de que, juntos e com muita inteligência e
ainda mais trabalho, saberemos fazê-lo”.
Existe uma fórmula mágica para
o sucesso? Sim. Eu
a conheço e já registrei com o nome de A Fórmula Mágica da Sorte e do Sucesso
(ou — pelo menos — da Sabedoria) em Alguns Minutos por Dia ou Seu Dinheiro de
Volta.
Nossa! O senhor pode nos contar
como ela funciona? Trata-se,
muito simplesmente, de LER.
Isso é uma sigla? Verbo. Ler o quê? Tudo o que cair em suas mãos! Folhetos,
folhetins, fascículos, panfletos e literatura de cordel. Jornais (grandes,
pequenos, nanicos e alternativos), revistas (gerais, profissionais, técnicas...
até da concorrência), boletins, fichas de receita, anúncios, embalagens, bulas,
enciclopédias, circulares, relatórios, o manual de proprietário do seu carro,
quadrinhos, dicionários, programas de teatro, discursos, cartas de amor e — se
possível — até alguns livros... Em qualquer lugar. E especialmente no trânsito,
no banheiro, no ônibus, no avião, na praia, no elevador, no metrô, no intervalo
do jogo no Estádio do Morumbi e — naturalmente — na sala de espera do médico ou
dentista. Onde quer que você esteja. Em qualquer momento disponível. Quando não
conseguir dormir, quando se encontrar em qualquer fila, no café-da-manhã, na
hora do almoço (ou — se estiver de regime — no lugar do almoço), entre duas
partidas de tênis no clube, durante os comerciais... até em vez de assistir a
uma novela! O importante é reservar tempo para ler. Escolha a hora que quiser.
Acorde mais cedo. Durma mais tarde. Mude algum programa. Mas... leia!
Mas funciona mesmo? A “fórmula mágica” deve ser testada ao longo de, digamos,
23 anos. Até lá não aceitamos reclamações. Falando sério, estou convencido de
que a leitura é a receita mais simples para o conhecimento, a atualização
permanente, o acesso ao mundo das idéias, a compreensão e a sabedoria. Quanto
mais você ler, mais surpresas como estas terá: “Em vez de ser a condição
natural do homem e da sociedade, a liberdade é algo que poucos alcançaram, em
poucos lugares, através de esforço, dedicação, autodisciplina e engenhosidade
social. A liberdade é a exceção da História, não a regra; é aquilo que os
homens buscam, não o que possuem”. (Arthur Schlesinger)
Ou, ainda, sobre liberdade: “Se uma nação espera ser
ignorante e livre ao mesmo tempo, espera ser algo que nunca existiu e que nunca
existirá”. (Thomas Jefferson)
Ler não envolve apenas a busca de verdades eternas ou
receitas universais. Ler é também diversão, entretenimento e bom humor.
Alexandre Dumas escreveu sobre o matrimônio: “A cruz do
casamento é tão pesada que são necessárias duas pessoas para carregá-la, às
vezes três”. E, finalmente, um velho provérbio chinês, aplicável a todos os
nossos planejamentos: “É muito difícil fazer profecias, principalmente com
relação ao futuro”.
Mas haja memória... Se me permitirem acrescentar mais uma recomendação àquela
básica, eu lhes diria: sempre que possível, leiam com um lápis ou caneta na
mão. Marquem os trechos que acharem importantes. Recortem artigos de jornais e
revistas. Colecionem as frases ou parágrafos de que gostarem, como outras
pessoas colecionam selos, figurinhas, autógrafos, conchas ou chaveiros.
Classifiquem seus achados, arquivem-nos, troquem-nos com seus amigos... E
voltem, sempre, para saboreá-los. Descobrirão que a sua coleção através dos
anos revelará muitas coisas importantes a respeito de si próprios. Bem, se isso
não trouxer sorte e sucesso, garanto que — no mínimo — trará sabedoria e muita
satisfação.
As revistas podem competir com
esses autores fabulosos que o senhor citou? Podem porque elas são o mais seletivo, segmentado,
regionalizado, brilhante, íntimo, aproveitável, portável, rasgável, eficiente,
dramático, inteligente, lindo, duradouro e maravilhoso veículo de comunicação
que existe.
E com as novas tecnologias? A revolução iniciada por Gutenberg foi tão importante que
ainda não terminou, já passados 500 anos. E, na essência, o que fazemos hoje em
matéria de imprensa obedece aos mesmos propósitos que levaram o nosso patriarca
a construir a sua primeira prensa: levar informação relevante (no caso dele, os
ensinamentos da Bíblia) a um número
maior de pessoas, por um custo mais acessível. Na Era da Informação — e apesar
de tanta velocidade e diversidade — não podemos deixar de lado a fundamental
importância da verdade, da honestidade, da objetividade, da solidariedade, e da
“inteligência sensível”. Ou seja, daqueles princípios fundamentais que
alicerçam a civilização desde os seus primórdios e sem os quais todo o resto
será em vão.
Certas coisas não mudam, não é? O mundo das publicações está mudando muito rapidamente (e
vai continuar mudando ainda mais rapidamente). E a Abril pretende não apenas
acompanhar mas liderar essas mudanças.
O que não muda? Nossa credibilidade continua sendo nosso principal ativo.
Daí a fundamental importância da rígida separação entre editorial e
publicidade. É o certo a fazer, moral, ética e filosoficamente, como também (e
felizmente) o que convém fazer pensando a longo prazo. É o que, afinal,
transformou cada uma das nossas publicações na revista líder do seu setor. E é
o que vai mantê-las nessa posição e fazê-las crescer e continuar contribuindo
para o desenvolvimento do país no futuro.
O que mais não muda? Quanto mais reflito, e quanto mais tempo sou editor, mais
me convenço de que jornalista não precisa de diploma de jornalista, mas sim de
uma boa e sólida formação que começa em casa, passa pela escola básica, e pode
até chegar à universidade. Um jornalista precisa de escolas, sim — escolas sem
rótulos, que ensinem história, literatura, economia, ciência, filosofia,
direito... o universo! Um jornalista precisa aprender a pensar, analisar,
questionar, usar a cabeça. Um jornalista precisa ler muitos livros, precisa ser
curioso, querer saber sempre o porquê das coisas, todas as coisas. E precisa
gostar de contar o que descobre, de contar histórias...
Além de querer tem de saber
também... Alguém
com esse perfil acima vai ter apenas de aprender o ofício, a técnica, o “como
fazer”. Eu não apenas acredito nisso, como pratico há mais de trinta anos.
Quando o senhor sabe que uma
publicação está no caminho certo? Existem muitas variáveis, mas a infalível é quando os
jornalistas de uma revista acreditam que o leitor é o seu verdadeiro patrão.
Quando eles trabalham unicamente para atender às necessidades desses leitores,
por meio de um jornalismo sério, bem pautado, bem apurado, bem escrito, bem
editado — resultando em revistas honestas, bonitas, úteis e surpreendentes.
Talvez nunca a imprensa tenha
sido tão mal avaliada como agora, o senhor concorda?Imprecisão, arrogância parcialidade (decorrente da defesa
de interesses próprios em detrimento do interesse público), desprezo pela
privacidade, insensibilidade, glorificação do bizarro, trivial e banal são
queixas mais ou menos comuns atribuídas à imprensa em todos os tempos. Mais do
que um elenco de pecados capitais da nossa imprensa, esses itens constituem um
roteiro dos males a evitar, um vade-mécum do que não deve ser feito.
Como evitá-los? Primeiro, e principalmente, é preciso respeitar o público
leitor. O público não é burro. No máximo ele é mal informado, ocupado com
outras coisas, facilmente distraído, muitas vezes por culpa nossa. Os
jornalistas devem conhecer melhor seu público. Temos a obrigação de entender
que o processo de comunicação envolve não apenas transmitir mas também
verificar o que foi captado e entendido do outro lado. E que a compreensão das
notícias pelo público é parte essencial do processo. Ou seja, devemos prestar
muita atenção no que nossos leitores pensam, acreditam, sentem, escrevem e
dizem. Nesse contexto, vale a pena considerar a declaração de William Broyles
Junior, ex-editor de Newsweek, quando disse: “Todo jornalista deveria ser
entrevistado, analisado e dissecado por outros jornalistas durante certo tempo.
Essa simples experiência contribuiria mais para melhorar o jornalismo do que
todas as escolas de jornalismo juntas”.
O senhor mesmo gosta de dizer,
citando Thomas Jefferson, que apesar de todos os defeitos é melhor ter imprensa
imperfeita do que nenhuma, certo? Aos críticos, nunca é demais repetir: não criamos os
fatos, não inventamos a natureza humana, não somos deuses com o poder de
alterar o curso dos acontecimentos. Não podemos mudar por muito tempo a
verdadeira imagem de personagens ou sufocar as naturais repercussões dos
eventos. Não podemos passar as 24 horas do dia ao lado de todas as figuras
importantes ou acompanhar a evolução de todos os eventos significativos e
significantes; por isso, somos obrigados a selecionar e trabalhar esse material
com uma lente de aumento. Nesse processo de seleção, síntese e magnificação,
tornam-se mais gritantes certos traços que, de outra forma, ficariam diluídos
se porventura tivéssemos o dom da onipresença, ubiqüidade e onisciência — e
nossos leitores não fizessem outra coisa que não nos ler o dia inteiro. Nosso
Rui Barbosa definiu bem a necessidade da imprensa ao afirmar que ela é “a vista
da nação. Através dela a nação acompanha o que se passa ao perto e ao longe,
enxerga o que lhe malfazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que lhe
sonegam ou roubam, percebe onde lhe alvejam ou nodoam, mede o que lhe cerceiam
ou destroem, vela pelo que lhe interessa e se acautela do que a ameaça”.
Para finalizar, se fosse
preciso escolher um único indicador de qualidade da imprensa, qual seria? Quanto mais independente do governo, maior será a
contribuição da imprensa e da livre-iniciativa ao desenvolvimento do país.
A Polícia
Militar brasileira é um modelo anacrônico de segurança pública que favorece
abordagens policiais violentas, com desrespeito aos direitos fundamentais do
cidadão
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2013N42737
CONSCIÊNCIA
POLÍTICA PM&BM
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