“Peço ao
povo Brasileiro que neste domingo 05 de outubro de 2014 à partir da 08:00 Hs,
tenha consciência de que o Brasil precisa urgentemente mudar, não podemos
continuar a aceitar o que vem ocorrendo neste país desde de 2002, quando este
partido que se instalou no poder e que por motivos óbvios não querem sair, e que neste meio tempo andou fazendo aparelhamento do Estado, ou seja colocando pessoas com o mesmo pensamento nos principais lugares dos três poderes e das empresas Pública do Brasil, ou seja tomando o poder em todos os três
poderes, Justiça, legislativo e a própria presidência do Brasil, então peço –
lhe que não deixem isto continuar acontecendo neste país, pois no dia em que abrirmos os olhos e veremos quem realmente
é este partido, ai poderá ser tarde demais pois teremos um PAÍS CHAMADO CUBA instalado, e jamais poderemos
mudar, então mudemos agora o nosso país, antes que seja tarde demais. ”
Ninguém
esperava ver o PT liderando uma CPI para investigar a Petrobras que o PT
aparelhou. Nem seria necessário tanto teatro. Mas esse partido construiu parte
de sua história de glórias nos surtos investigativos de CPIs como a dos Anões
do Orçamento e a do PC Farias. Ou aquilo era demagogia e a desfaçatez de hoje é
a verdade do Partido dos Trabalhadores ou aquele era o PT autêntico que, de
concessão em concessão, deu neste. Ou então tudo não passa de mais uma triste
amostra do que o tempo faz com a suposta esquerda e seus alegados princípios
éticos e morais.
Sob o comando
do PT, o bloco governista atingiu no Senado a perfeição da desfaçatez. Comanda
uma Comissão Parlamentar de Inquérito 100% isenta de investigação. Nesta
segunda-feira, a comissão inquiriu, por assim dizer, o ex-presidente petista da
Petrobras, José Sérgio Gabrielli. Foram três horas de levantamento de bolas.
Gabrielli só precisou cortar.
Ele isentou
Dilma Rousseff de responsabilidades no caso da refinaria de Pasadena. “Muitas
das decisões não são decisões individuais, tomadas por ninguém. É o resultado
de um conjunto de ações, do conjunto da empresa, avaliando as incertezas de
longo prazo e de curto prazo. Assim foram as decisões de Pasadena.” Nesse
modelo, todo mundo é responsável por tudo. E ninguém responde por nada.
Munido de
autocritérios, que nenhum senador ousou contestar, Gabrielli disse que “a
presidente Dilma é uma profissional de extrema competência.” Do alto de sua
eficácia, Dilma afirma, hoje, que não avalizaria a compra de Pasadena se
tivesse conhecido todas as cláusulas do negócio. No mês passado, Gabrielli
dissera que Dilma “não pode fugir à sua responsabilidade” pela compra da refinaria.
Na pseudo-CPI, ele não se apertou. Nem foi apertado.
“Evidente
que ela, como presidente do Conselho, tem um papel importantíssimo, mas o
Conselho debate. Qual seria a posição do Conselho em 2006? Não tenho a menor
ideia. Não posso estimar, hoje, qual seria a posição do Conselho na hipótese de
que a presidente demostrasse, lá em 2006 a posição que ela está defendendo
hoje.” Então, tá! Ficamos assim.
Gabrielli
reiterou o lero-lero segundo o qual Pasadena foi um bom negócio, transformado
em prejuízo pela crise e pelos fatos. “Era também uma refirnaria que estava
barata, não era cara. Estava barata, porque ela foi comprada, os primeiros 50%,
equivalentes a menos da metade do preço médio das refinarias por barril de
destilação da época”, declarou. O que isso quer dizer? Ora, pouco importa. Uma
banana, como Pasadena, não é cara. Mas também apodrece facilmente.
Neste ano da
graça de 2014, disse Gabrielli, Pasadena tornou-se “uma empresa lucrativa.” Os
senadores se seguraram na poltrona para não aplaudir. “Tem petróleo disponível
no Texas a preço barato, leve, que pode ser processado em Pasadena”, celebrou o
hipotético depoente. “Pasadena, portanto, pode, vendendo derivados no mercado
ameriano, ter uma margem em torno de 30 a 40 dólares por barril. E ela tem capacidade
de produzir 100 mil barris por dia”. Alvíssaras! “Pasadena não é um prejuízo
afundado, inevital e irrecuperável para sempre.” Hosanas! A Petrobras gostaria
de vender Pasadena. Mas só achou quem quisesse comprar na bacia das almas. A
julgar pelas palavras de Gabrielli, logo, logo haverá uma fila de compradores.
A certa
altura, o senador petista Aníbal Diniz )AC) aprumou-se, segurou o microfone e
disparou uma indagação: “A quem interessa reduzir o valor da Petrobras?” Uau!
Gabrielli salivou. Citou os “especuladores de curto prazo” e os políticos
oposicionistas. Gente atrasada, que trama mudar a lei que fez da Petrobas a
operadora única das reservas do pré-sal.
Para realçar
a falta de patriotismo dos inimigos da Petrobras, Gabrielli evocou até o WikiLeaks,
que, segundo ele, divulgou supostos encontros de tucanos com diplomatas
norte-americanos, para tramar contra os interesses da estatal petroleira.
Gabrielli disse que não pode jurar que seja verdade. Mas quem se importa com a
verdade numa hora dessas?
Superfaturamento
na refinaria de Abreu e Lima? Vapt-vupt. A Venezuela topara entrar no negócio,
disse Gabrielli. Mas desistiu. Sem nenhum contrato assinado, a Petrobras
iniciou a construção com parte do projeto destinado ao refino do óleo
venezuelano, ultrapesado. “Tivemos que reformular”, reconheceu Gabrielli, sem
ser incomodado por um mísero questionamento. Sim, quem dava as cartas na
subsidiária que geria Abreu e Lima era o ex-diretor Paulo Roberto Costa, preso
até ontem num xadrez de Curutiba. Dúvidas? Indagações? Cara de nojo? Não. Nem
pensar. Ora, deixa disso!
E se toda
essa falta de entusiasmo com o esclarecimento das suspeitas estiver dizendo ao
PT algo mais grave sobre o ponto a que chegou o governo do PT? E se depois de
12 anos de questionamentos, o partido estiver finalmente dando uma resposta a
si mesmo. O PT não é incoerente nem contraditório. Tudo se explica. A
comunhão de propósitos com o Sarney, a aliança com o Renan, o convívio com o
Collor… tudo isso eram apenas estágios de algo que o PT perseguiu sem saber, e
agora sabe. Ah, aquela velha castidade. Ah, aquela inútil pureza ética. Oh,
tempo perdido. Oh, falta de autoconhecimento.
O PT não
sabia o que queria porque não sabia o que era. Agora sabe o que é e do que
gosta. Eis a grande revelação da CPI isenta de curiosidade: o PT deseja provar
a si mesmo que é capaz de integrar-se à baixeza comum a todos os ex-inimigos. A
plateia já havia percebido desde o mensalão que, com o passar do tempo,
qualquer um pode atingir a perfeição da impudência. Mas o petismo é incansável.
Luta para fazer o pior o melhor que pode.
Por Josias de Souza
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