Abraham Lincoln e Luiz Inácio da Silva não são a mesma pessoa, mas
quase. Na festa de 30 anos da CUT, o filho do Brasil e pai da maior máquina de
perpetuação no poder já vista neste país voltou a se queixar em grande estilo,
como é próprio das vítimas profissionais. Declarou que ele e o companheiro
Lincoln são uns injustiçados: “Fiquei impressionado como a imprensa batia no
Lincoln em 1860. Igualzinho bate em mim.”
As semelhanças não param por aí: Lincoln não ganhou o Oscar, Lula também
não. Mais uma armadilha do sistema capitalista contra os heróis do povo. Como
um sujeito que sai limpinho do mensalão, convencendo mais de 100 milhões de
pessoas de que não sabia de nada, pode não ser premiado com o Oscar? É muita
injustiça social mesmo. Só pode ser preconceito das elites contra o ex-operário.
Lincoln e Lula, os irmãos siameses da resistência contra a imprensa
burguesa, passarão juntos à história da CUT apesar do boicote de Hollywood. Mas
que os americanos não se animem muito com essa dobradinha. Mesmo com as
incríveis semelhanças entre os dois estadistas, Lula é melhor.
Lincoln jamais seria capaz de eleger uma Dilma, e depois de um governo
inoperante, preguiçoso, fisiológico, perdulário, destruidor das instituições
com tarifas mentirosas e contabilidade idem, se encaminhasse para reelegê-la.
Com todo respeito à mitologia yankee e ao talento de Spielberg, uma
façanha dessas não cabe na biografia de Lincoln. Como transformar uma militante
inexpressiva em símbolo feminino nacional, sem que ela manifeste um único
pensamento original em anos de vida pública? Lincoln teria que nascer de novo
duas vezes para aprender essa com Lula.
Enquanto o líder máximo de todos os tempos das Américas demonizava a
imprensa, ensinando a classe operária a suspeitar da informação livre, odiar o
contraditório e só confiar no que o seu guru diz, notava – se ao lado os
sorrisos divertidos de Gilberto Carvalho, o chefe de gabinete vitalício do
Brasil. Carvalho é uma espécie de entroncamento entre Lula e Dilma, um avalista
da continuação do final feliz petista no berço esplêndido do Estado brasileiro.
Como se sabe, para que esse final feliz dure bastante, é necessário que o conto
de fadas do oprimido prevaleça sobre a vida real – daí a implicância
sistemática com a imprensa.
Ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho está
sempre nos fóruns partidários prometendo à militância que o governo vai criar
uma imprensa nova, confiável. Parece piada chavista, mas é verdade. Por acaso,
foi um subalterno de Carvalho que voltou de Cuba com um dossiê contra a
blogueira Yoáni Sanchez, caprichosamente gravado num CD. É o velho estilo
petista de conspirar com o rabo de fora.
Na chegada da blogueira cubana ao Brasil, surgiram subitamente patrulhas
organizadas de apoio ao regime de Fidel Castro, um movimento que ninguém
imaginava que existia, que nunca mostrara sua cara em lugar nenhum. De repente,
num Brasil supostamente democrático e tolerante às diferenças ideológicas,
esses grupos surgidos do nada simplesmente impediram os debates públicos com
Yoáni – no grito, na marra. Quem será que instrumentalizou essa turminha braba?
A inacreditável operação – abafa contra uma blogueira, nesse espetáculo
deprimente de censura que o Brasil engoliu, veio mostrar que o chavismo só não
prosperou no Brasil porque o oxigênio da liberdade por aqui ainda é maior do
que na Venezuela. Mas o estado-maior petista não desistiu de sua doutrina da
democracia dirigida, e baba de inveja dos índices fabricados pela companheira
Cristina Kirchner, em sua cruzada bolivariana pela informação de laboratório.
Assim como Lincoln e Lula, Cristina também é uma vítima da imprensa
reacionária, que tem essa mania mórbida de querer divulgar indicadores públicos
verdadeiros.
O lucro do BNDES acaba de ser maquiado, graças a mais uma manobra genial
dos companheiros que produzem superávit de proveta e passam blush na inflação.
Quando se trata de picaretagem para se agarrar ao poder, é impressionante como
a mediocridade do governo popular se transmuta em brilhantismo. Como disse Lula
na CUT: “Nós sabemos o time que temos.”
É mesmo um timaço. Merece no mínimo o Oscar de efeitos especiais.
Texto publicado na Revista ÉPOCA – edição 771
Polícia Cidadã
Para alcançarmos está
Polícia Cidadã é necessário antes de qualquer coisa que nós como cidadãos de um
país democrático tenhamos uma polícia desmilitarizada, há uma necessidade urgente
dessa transformação. Para que tenhamos uma Polícia Cidadã somente é necessário
que você Assine a nossa petição:
PETIÇÃO PÚBLICA PELA DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS E BOMBEIROS MILITARES
DO BRASIL!
Consciência
Política PM&BM
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