Não é de hoje que está em vias de implantação um regime político que
beira em vários pontos uma proposta totalitarista, orquestrada pela ação
unificada e convergente de instâncias sociais a primeira vista dissociadas. Com
atuações esporádicas e nem sempre sutis, o domínio sul-americano vai sendo
estabelecido por partidos de comum orientação (marxista – gramsciana ), o que
por si só é prejudicial à democracia, exigente de pluralidade de visões e
alternância de poder.
Quando
pensadores de renome e peso intelectual – como Olavo de Carvalho, Reinaldo
Azevedo, Heitor de Paola, às vezes até mesmo Arnaldo Jabor, entre outros – vêm
a público através dos veículos mediáticos de que dispõem, alertar os
brasileiros de que está em curso um projeto político de caráter totalitário e
opressor, que vai privilegiar uma casta aliada em detrimento dos demais
cidadãos e instituições, acabando com a liberdade civil, corrompendo a
democracia e eliminando paulatinamente o estado de direito, os opositores
bradam aos quatro cantos: “reacionários”, “preconceituosos”, “ fatalistas ”, “
direitistas invejosos e ditadores ”, dentre as muitas pérolas e clichês ditas e
reproduzidas com margem abrangente de divulgação. Essa forma de reação, longe
de implicar descrédito para com os “radicais conservadores”, é típica de quem
não está a fim de discutir uma situação dada, mas apenas endossar o curso dos
acontecimentos, seja por ignorância ou conveniência.
Aquém
da disputa sempre vivaz e pertinente entre direita e esquerda, e tirando os
discursos exagerados ou mentirosos de ambos os lados, tais pensadores
brasileiros fazem, a meu ver, uma ponderação digna de ser apreciada. Não é de
hoje que está em vias de implantação um regime político que beira em vários
pontos uma proposta totalitarista, orquestrada pela ação unificada e
convergente de instâncias sociais a primeira vista dissociadas. Claro que o
totalitarismo a que se referem estas linhas não deve ser confundido com
governos nacionais totalitários presentes na história, como o nazismo e o
stalinismo; trata-se de uma forma mais discreta de implementação totalitária,
baseada na perversão moral da sociedade e no apoio a movimentos e instituições
que visam se impor sobre as demais com suas ideias e condutas, amparadas pelos
meios de força estatal ( na verdade, isso já se fazia presente nos regimes
citados acima ). Totalitarismo é a caracterização de um sistema centralizado em
um partido político, ou numa ordem maior que a nação, cuja permanência e vigor
se dão pela conjugação de aspectos distintos da vida social sob a assimilação
da ideologia fomentada. Conforme Anatoli Oliynik “ o conceito totalitário designa um modo de fazer
política, muito extremista, que se embasa na mobilização de uma sociedade
inteira ao mesmo tempo em que elimina a sua autonomia, misturando a sociedade e
a política em um mesmo grupo, onde todos fazem parte do partido, sendo por ele
controlados ”. Vê-se claramente que, de uns tempos para cá, estes ingredientes
são perceptíveis, de início no governo FHC, mas de maneira acentuada nos governos
Lula e Dilma Rousseff.
A
dificuldade em avaliar esse fenômeno se deve, em larga escala, pela ocultação
sistemática de informações detalhadas sobre a movimentação dos agentes em
função, e também os diversos instrumentos de alienação postos em prática nos
últimos anos, como esquemas de propaganda e difusão de mensagens mitologizadas
em favor dos radicais esquerdistas e seus pupilos ou capachos. Recentemente, a
título de exemplo, a exibição da “ novela ” Amor e Revolução, em que se
mostravam os conflitos humanos nos anos de ditadura militar no Brasil, é a
prova viva da atuação em prol da ideologia hoje dominante. Embora a obra
teledramatúrgica de Thiago Santiago tenha apresentado situações verossímeis,
como as prisões injustas e torturas aplicadas contra opositores militantes, ela
serviu mais como promoção integral da versão comunista dos governos ditatoriais
do que como registro histórico autêntico. Sendo a arte uma unidade sensível
significativa, é fácil inventar recursos de impressão que maculem e confundam a
inteligência na hora de julgar o verdadeiro e o falso. Que o leitor não pense
tratar-se aqui de uma apologia à ditadura (algo, sem dúvida, reprovável e
indefensável), mas sim a observação de que há por parte de muitos caciques da
comunicação um forte viés de depredação de todo o prestígio das instituições
militares, assim como das religiões e dos contestadores em geral da hegemonia
cultural em andamento. Aliás, boa parte dos ocupantes de altos cargos do
planalto, incluindo a Sra. Dilma, alegam a perseguição sofrida na ditadura como
pretexto retórico para sensibilizar as pessoas, e com isso abrir as portas para
um governo sem resistência.
Com
atuações esporádicas e nem sempre sutis, o domínio sul-americano vai sendo
estabelecido por partidos de comum orientação ( marxista - gramsciana ), o que
por si só é prejudicial à democracia, exigente de pluralidade de visões e
alternância de poder. O apoio desmesurado aos grupos
segmentários ( movimento gay, feminismo radical, MST, etc. ), a força da narco
– guerrilha ( sobretudo com as Farc e outros “ grupos justiceiros ”
latino-americanos ) e ações criminosas em franca ampliação, contrapostas à
burocracia cada vez mais ineficiente em coibir os crimes, o boicote ao Uruguai
e consequente inclusão da Venezuela do autoritário Hugo Chaves no MERCOSUL – e
agora com a Bolívia do companheiro Evo Morales se aproximando desse seleto
grupo – fora a presença de mais de duas décadas do Foro de São Paulo, entidade
negada por muito tempo que reúne todas as representações revolucionárias da
América Latina com o intuito de planejar operações e modos de intervir
politicamente nos países componentes, tudo isso atesta com suficiente clareza a
forma polivalente com que os diversos partidários do socialismo continental vêm
articulando seus empreendimentos, entendidos no seu sentido primeiro de
derrubada dos poderes instituídos, mesmo que isso venha contra muitos dos
interesses populares (haja vista a tentativa ininterrupta de legalizar o aborto
no Brasil mesmo tendo a maioria do povo contrária a essa permissão legal).
Dentre os líderes dessa empreitada, Luiz Inácio Lula da Silva, déspota por
excelência, dissimulado de “amigo dos pobres e oprimidos”, não só sabe de todo
esse processo como verdadeiramente foi um de seus mentores, e toda a carapuça
de voz do trabalhador e dos menos favorecidos, junto com a proteção desmedida
dos meios de comunicação, o tem blindado do justo inquérito a que teria a
obrigação de passar. Sobre o Mensalão – escândalo de maior notoriedade dos
últimos anos – concordo com a análise do professor Nivaldo Cordeiro: a questão
principal não é o desvio de dinheiro público, e sim a fundação da autocracia
mediante corrupção que visava eliminar a oposição dos programas do governo,
eliminando, portanto a maior virtude democrática que é precisamente o conflito
de ideias e proposições. Mensalão foi o fantasma stalinista a assombrar a
política nacional, e o desejo primordial do PT para o Brasil: um governo único,
soberano e permanente.
Está na hora do povo tomar as rédeas do seu país, e pensar
politicamente para agir politicamente, sem considerar os problemas e
acontecimentos pelo crivo utilitário de vantagem e desvantagem, mas segundo a
avaliação do projeto social e governamental implementado gradativamente. Todas
as organizações políticas sérias e idôneas são bem-vindas numa democracia desde
que não queiram ser absolutas e autoritárias, pois essa é a semente do
totalitarismo, e todas as experiências históricas da realização dessa
mentalidade doentia trouxeram males horrendos e desprezíveis dos quais a
lembrança constitui uma amostra real de barbaridades a serem extinguidas
completamente das possibilidades futuras.
No artigo “Receita de totalitarismo ” de minha autoria, escrito e publicado
no jornal Diário de Sorocaba nos dias 30 e 31 de dezembro de 2012, expus o
ponto de vista de que o atual governo, desde seu início, pretende não mais
deixar o poder – ou ser sucedido futuramente por aliados muito próximos e
subservientes – através da criação e manutenção de uma estrutura política de
mentalidade totalitarista, onde todo foco de resistência e oposição seja cada
vez mais subtraído e jogado no ralo. Isso é possível graças a múltiplas
estratégias unificadas que englobam uma radical orientação cultural de toda a
população, mediante a insistente “defesa” dos direitos parciais de grupos
apoiadores dessa empresa governamental, enquanto que o imaginário popular vai
sendo gradativamente moldado pelos veículos de mídia à imagem e semelhança dos
detentores da moral e dos costumes, tal como se sentem.
II
Essa percepção não é particular e única. Pelo contrário, muitos
pensadores de direita (não fascistas ou preconceituosos como os homens da
situação querem fazê-los parecer) já esboçaram há tempos essa tendência
majoritária da conduta esquerdista no Brasil e na América Latina. Olavo de
Carvalho, filósofo e ensaísta, foi um dos primeiros a apresentar, no seu livro “ Nova Era e Revolução Cultural ” (disponível na íntegra gratuitamente
no seu web site (www.olavodecarvalho.org), o percurso revolucionário, no pior
sentido do termo, dos grupos interessados em guiar a sociedade para os rumos e
valores por eles cultivados, e que isso acabe por estabelecer uma vontade geral
premeditada segundo seus expedientes. Outros intelectuais têm seguido este
nicho de análise, e desprezar suas teorizações sem ao menos avaliar o conteúdo
é no mínimo um despropósito, para não dizer omissão.
Em todo caso, no primeiro artigo que escrevi e apresentei aos
leitores ficaram algumas lacunas, em trechos pouco esclarecidos, que pretendo
elucidar com maior detalhamento neste espaço:
(1) Quando faço alusão ao regime totalitário, trata-se da
implantação de um sistema de poder cuja base estrutural seja a de conciliar no
centro de comando (o Estado ou, no caso presente, o partido) todas as demais
esferas da vida social. Isso significa, grosso modo, que a atuação política
ultrapassa a esfera própria para ditar regras e preceitos nas esferas sociais
que não diz respeito diretamente à sua competência, como a família, a religião,
a mídia, o judiciário, a polícia, entre tantas frentes autônomas. O objetivo
final é o de pautar essas instituições segundo critérios ideológicos dos
mandatários, e assim conseguir exercer sobre eles um rigoroso controle, seja
por via persuasiva ou mesmo jurídica e estatal.
(2) O apoio nem sempre declarado à causa dos grupos segmentários
não é por questão de justiça: esses grupos representam a possibilidade de
legitimar o projeto descrito acima por intermédio da manipulação das
consciências e da legislação, e ao lhes conceder direitos especiais (privados
apenas ao seus protegidos) retiram de outros (divulgados como “ oponentes ” dos
direitos humanos) suas prerrogativas e os obrigam a aceitar a opinião imposta.
Esse tipo de programa está em curso visivelmente e compõem a essência do “
politicamente correto ” conforme explica Luiz Felipe Pondé: “ A diferença entre
a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o
mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo tipo de
grupos de “ excluídos ”: mulheres, negros, gays, aborígines, índios, marcianos
(...). O politicamente correto, assim, nesse momento, se caracterizará por ser
um movimento que busca moldar comportamentos, hábitos, gestos e linguagem para
gerar a inclusão social desses grupos e, por tabela, combater comportamentos,
hábitos, gestos e linguagem que indiquem uma recusa dessa inclusão. (...) O
problema com o politicamente correto é que ele acabou por criar uma agenda de
mentiras intelectuais (filosóficas, históricas, psicológicas, antropológicas
etc.) a serviço do “ bem ”, gerando censura e perseguições nas universidades e
na mídia para aqueles que ousam pôr em dúvida suas mentiras do “ bem ”. ( “ Guia politicamente incorreto da
filosofia: ensaio de ironia ”, editora Leya). Como Pondé afirma, a questão não está em torno da
aceitação das pessoas nas suas diversidades – seja ela de ordem sexual,
religiosa, étnica, econômica ou de qualquer tipo – necessária e já compreendida
como um bem fundamental para a realização da cidadania, mas do uso político do
discurso de vitimização e inclusão para combater os estigmatizados dominadores
( na verdade opositores de uma forma política de ação ) e obter vantagens
constitucionais, sendo eles mesmos os beneficiados da vez. Uma coisa é a
igualdade de direitos de todo o cidadão, e outra é usar desse tema para
conquistar um lugar privilegiado de uma parcela em razão do todo.
(3) O Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, admirado por grande parte dos
brasileiros pela sua origem de líder sindical e representante dos
trabalhadores, é um dos maiores responsáveis, junto à cúpula do PT e lideranças
de peso filiadas, por essa manobra contínua que se vê avançar na sociedade
brasileira. Vale a pena conferir no Youtube a
entrevista com Hélio Bicudo, jurista e ex – militante do PT (vídeo “O mito Lula,
a era do fascismo no Brasil”) em que desmascara o jeito
camarada de ser de Lula e as boas intenções do partido, na verdade uma
indumentária do desejo primeiro de exercer um poder maciço e inviolável pelas
gerações futuras. Para aqueles que assistiram a participação do ex-presidente
no Programa do Ratinho e o ouviram falar que não mais permitiria um governo
tucano no Brasil sabem bem do que estou falando. E não se enganem com Dilma
Rousseff: por trás da estadista séria e intolerante com a corrupção e os
desvios morais, está a articuladora dos planos partidários e continuadora do
esquema vigente.
Espero simplesmente que a verdadeira democracia seja instaurada no
país; aquela cujos princípios basilares sejam a pluralidade de concepções e o
conflito não violento entre elas, o envolvimento direto das instituições
sólidas quando os temas a serem tratados são de grande polêmica e podem
influenciar os tempos posteriores, o debate permanente com ampla divulgação
pública e a equidade de direitos e deveres para todos sem favorecimento de
nenhum setor social ou movimento político. Mas essa condição democrática pode
estar ameaçada caso a sociedade brasileira não reivindique para si a
determinação de sua história. (*)
Polícia Cidadã
Para
alcançarmos está Polícia Cidadã é necessário antes de qualquer coisa que nós
como cidadãos de um país democrático tenhamos uma polícia desmilitarizada, há
uma necessidade urgente dessa transformação. Para que tenhamos uma Polícia Cidadã
somente é necessário que você Assine a nossa petição:
PETIÇÃO
PÚBLICA PELA DESMILITARIZAÇÃO DAS POLÍCIAS E BOMBEIROS MILITARES DO BRASIL!
Consciência
Política PM&BM
(*) Por Michel Farah Valverde
Bacharel e licenciado em Filosofia. Licenciado em Teatro /
Arte-Educação. Professor da rede pública e particular de ensino.
Meu caro Consciência Política, já faz algum tempo que não comento neste espaço, mas mais por falta de tempo do que por vontade, pois o vejo como um ícone a fim de despertar a politização dos servidores militares do DF. Mas neste momento retorno aqui para falar de outro assunto. No ano passado você foi um dos mais ferrenhos defensores da criação de uma entidade única para defesa dos interesses das causas de policiais e bombeiros militares do DF. Inclusive criou um blog que, infelizmente, devido o afã em busca de reposição salarial, os integrantes das categorias não deram a devida importância que o tema pedia. Hoje, nós interlocutores do NMU, estamos sendo hostilizados em todas as frentes pelo simples fato de trazer a baila esse tema de tamanha relevância, pois não nos furtamos em atender o clamor de muitos que acreditam que essa ferramenta possa ser uma das soluções para se alcançar os pleitos das categorias. Sabemos da dificuldade que é retirar do seio dessas categorias o estigma que só será mais uma ou mesmo do mesmo. Mas diante das sugestões recebidas e de nosso próprio posicionamento, acreditamos sim que ela possa ser estabelecida de forma totalmente diferenciada das demais. Como sei que você é uma pessoa visionária e a frente do seu tempo, venho pedir-lhe que reabra o blog "Associação Única", para que some aos outros meios já existentes para juntos tentarmos incutir de forma mais incisiva essa discussão no seio de nossas categorias. Sei que ficou decepcionado pela forma que foi tratado a época, mas em um projeto grandioso como esse, em que o futuro de nossas categorias possa ser mudado através de um simples gesto, faz com repensemos certos posicionamentos. Acho que esse é o melhor momento para tentarmos embarcar de vez nessa ideia. Portanto, encerro fazendo votos que analise o pedido com bastante carinho e, caso acate, que essa difusão siga adiante, onde as categorias certamente serão eternamente gratas pela nobre atitude. Um abraço.
ResponderExcluir1º SGT INDIGNADO
Caro Consciência Política, agradeço imensamente por suas palavras, pois tem tudo a ver com o tempo que o homem passa na terra. Com relação ao que expôs de fato há hora pra tudo nessa vida e, quem sabe não seria essa a hora de emplacar a ideia de uma associação única? Recordo-me que foi deveras criticado a época que disponibilizou o blog sobre esse assunto, mas também me lembro que foi apoiado com a mesma intensidade ou mais. Respeito a sua decisão quanto a não querer reabrir novamente o blog, mas também tenho esperança que poderá rever esse seu posicionamento, pois na vida não basta apenas plantar a semente, devemos também ajudar a regá-la para que ela cresça e dê bons frutos. Obrigado mais uma vez pela contribuição.
ResponderExcluir1º SGT INDIGNADO
NMU
Vc postou um texto que cita Olavo de Carvalho, mas o pessoal ligado a ele está contra a PEC 51: http://www.youtube.com/watch?v=mt8Y3y8nkTM
ResponderExcluirSerá que vc ten todas as informações que precisa?