No Brasil,
política e corrupção acabaram se tornando palavras agregadas. Todos os dias são
inúmeras matérias publicadas falando de desvio de verbas, superfaturamento de
obras e tantos outros crimes cometidos pelos políticos, que deveriam usar o
poder para ajudar a população.
A palavra
corrupção deriva do latim corruptus, que, numa primeira definição, significa
“quebrado em pedaços” e em um segundo sentido, “apodrecido; pútrido”. Em uma
definição ampla, corrupção política significa o uso ilegal – que pode ser por
parte de governantes, funcionários públicos ou privados – do poder político e
financeiro de órgãos ou setores governamentais com o objetivo de transferir
renda pública ou privada de maneira criminosa para determinados indivíduos ou
grupos de indivíduos ligados por quaisquer laços de interesse comum – negócios,
localidade de moradia, etnia, entre outros.
A corrupção
no Brasil vai muito além de um erro cometido uma única vez. A condição da
política brasileira é baseada na acomodação da sociedade com a situação atual,
na aceitação da corrupção como normalidade, na legislação defasada e
complacente com os erros. As constantes denúncias de desvio das verbas
públicas, divulgadas pela mídia, fazem com que a indignação dos cidadãos vá
diminuindo, e, sem ser pressionados, os réus encontram métodos para se livrar
das acusações.
Se
ampliarmos para um quadro mundial, o Brasil está na 69º posição do Índice de
Percepção de Corrupção da ONG Transparência Internacional. Vale salientar que o
país tem um índice de 3,8 em uma escala que vai de zero – países vistos como
muito corruptos – a dez – países com poucos corruptos – em um ranking de 180
países. Para ilustrar em números, de 2003 a 2008, quase 2.000 servidores
públicos brasileiros foram expulsos do governo federal por cometer práticas
ilícitas. Entre as principais causas da punição estão o uso do cargo para
obtenção de vantagens, improbidade administrativa, abandono de cargo,
recebimento de propina e lesão aos cofres públicos.
Os números
ficam ainda mais impressionantes quando relacionamos com os dados monetários.
Nos últimos dez anos, segundo matéria da revista Veja, foram desviados dos
cofres brasileiros mais de R$ 720 bilhões, em média R$ 82 bilhões por ano ou
2,3% do Produto Interno Bruto (PIB). No mesmo período, a Controladoria Geral da
União encontrou irregularidades em 80% dos 15.000 contratos firmados pela União
com estados, municípios e ONGs.
Como é
possível esquecer nomes como Anthony Garotinho, Jader Barbalho, Nicolau dos
Santos – o Lalau, Paulo Maluf e Celso Pitta? Todos fazem parte da história do
Brasil como políticos corruptos que desviaram milhões de reais dos cofres
públicos. Além disso, o quadro atual mostra que muitos governantes entram na
política apenas para beneficiar-se e não para trabalhar em prol da população.
É preciso
que a população tenha a consciência de que a corrupção produz pobreza e impede
o desenvolvimento do país. Com os valores já citados nesse texto, seria
possível elevar a renda per capita em R$ 443 reais, pensar em erradicar a miséria
e reduzir a taxa de juros.
Se
questionarmos o que falta para o Brasil tornar-se uma potência mundial,
diríamos que a resposta está na política.
Janguiê Diniz - Doutor
em Direito, Presidente do Grupo Universitário Maurício de Nassau.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
- Nosso blog tem o maior prazer em publicar seus comentários. Reserva-se, entretanto, no direito de rejeitar textos com linguagem ofensiva ou obscena, com palavras de baixo calão, com acusações sem provas, com preconceitos de qualquer ordem, que promovam a violência ou que estejam em desacordo com a legislação nacional.
- O comentário precisa ter relação com a postagem.
- Comentários anônimos ou com nomes fantasiosos poderão ser deletados.
- Os comentários são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores e não refletem a opinião deste blog.