As pessoas geralmente me dizem: sabe,
eu adoraria viver sem trabalhar, mas eu preciso de dinheiro, porque sem
dinheiro não há como viver. As pessoas que se revoltam com o trabalho não
chegarão a lugar algum.
Bem, eu concordo com isso, mas há o
que discutir aí. A pergunta não é se você quer sobreviver ou não, e é óbvio que
se é preciso dinheiro para sobreviver nessa sociedade, então não podemos ser
contra o dinheiro sem ser contra nossa própria sobrevivência. A questão é se
você é contra a subordinação da vida ao dinheiro.
Pois se você é contra, o que você faz
sobre isso? Você continua comprando coisas que não precisa, continua gastando
dinheiro em coisas que não usa, jogando fora grande parte do que ganha com
futilidades, desperdiçando comida, energia, água e vidas.
Mas quando alguém te agride, te
rouba, te prejudica de alguma forma, você fala em lutar pelos seus direitos.
Você diz isso porque sabe que alguém te apoiará nisso, seja a polícia, um
advogado, um agente qualquer. Você não luta simplesmente porque reconhece que
uma injustiça foi cometida, você luta porque estes direitos são reconhecidos
por alguém com algum poder, porque você tem alguma chance de ganhar alguma
coisa para si, no presente. Mas se não há nenhuma organização ou instituição
que considere que você tenha aquele direito, você não luta por ele, porque se
não há uma lei ou algo parecido, então você prefere ficar calado, não é?
Você conclui que não temos o direito
de nos livrar desse sistema, por mais injusto que ele seja, porque ninguém vai
te apoiar se você sair na rua protestando por isso. Eles podem te humilhar, te
agredir e te prender, e ninguém vai ficar do seu lado. Logo, você não chama
isso de luta pelos direitos, você chama isso de revolta. Você não vai ganhar
nada em vida, só vai perder, por isso a coisa não vale, não funciona. Só
funciona se você puder ganhar alguma coisa no período da sua vida mortal.
Se lutamos por algo sabendo que não
ganharemos nada em vida, mas que semearemos a mudança para as futuras gerações,
somos ridicularizados. Se você faz algo que não visa seu próprio benefício,
você é um sonhador, você é está louco, você não está pensando direito.
As pessoas também me dizem: Acho que
você devia prosperar nessa sociedade, e quando estivesse lá em cima, você
poderia fazer algo mais efetivo pela mudança.
Parece um bom plano, visto desta
perspectiva. Mas ele é absurdo, por motivos que eu esclareço agora:
1 - Muitas pessoas tentaram isso. É
possível encontrar muitas pessoas que dizem: é, eu tinha essas idéias quando eu
era mais novo, eu tentei derrubar o sistema por dentro, ganhar algum dinheiro e
aí ajudar alguém. Se isso realmente mudasse o mundo, ele já seria diferente. O
problema é que por mais que você prospere num sistema injusto, no momento em
que você se opor à ele, você perderá todos os seus privilégios. Isso ocorreu
milhares de vezes. É ingenuidade demais achar que os corruptos deixarão que um
simples homem honesto estrague a brincadeira deles assim tão fácil, não importa
qual seja a sua posição. Ele pode ser até o presidente dos EUA. As pessoas não
governam nossa sociedade, é o próprio acúmulo que a governa.
2 - Esta sociedade está fundamentada
na maximização do acúmulo. Isto quer dizer que é muito mais fácil ganhar
dinheiro com exploração do que com cooperação. Se você dedica metade de sua
vida ao acúmulo, os danos que você causa provavelmente serão maiores do que a
restituição que você será capaz de fazer, mesmo que você viva mais 3 ou 4
vidas. Pois o dinheiro investido em exploração cresce sozinho, mas o dinheiro
usado para ajudar os outros some, ele não gera mais dinheiro. Não importa
quanto dinheiro você use para "ajudar a causa", qualquer um com bem
menos dinheiro que você pode facilmente explorar o espaço que você deixou vago
no sistema, e quanto mais dinheiro ele investe nisso mais dinheiro ele ganhará
para investir ainda mais, enquanto seu dinheiro apenas some, pois o sistema
está todo a favor dele e contra você.
3 - Por último: Quem é que disse que
a mudança precisa de dinheiro? O dinheiro não compra mudança de visão. Você
poderia até mesmo ter todo o dinheiro do mundo e ser a pessoa mais influente do
mundo, e por mais que você queimasse todo dinheiro e dissesse que as pessoas
deveriam viver sem ele, elas ainda criariam uma forma de acumular e expandir,
porque é a única forma que elas sabem viver. Sendo influente, você pode fazer
as pessoas seguirem outra moda, mas não pode mudar a visão delas assim tão
fácil.
Derrick Jensen comentou certa vez que
se sua experiência é que a água vem de uma torneira e a comida vem do
supermercado, você vai lutar até a morte por essas coisas, porque depende delas
para sobreviver. Nossa experiência diz que cooperar com este sistema, por mais
injusto que ele seja, nos mantém vivos enquanto indivíduos. Então lutamos para
permanecer nele. Nossa experiência diz que lutar por outro modo de vida nos
prejudica enquanto indivíduos, então consideramos isso algo insano. O tempo
todo, estamos pensando em como isso nos afeta enquanto indivíduos, não enquanto
seres humanos. O ponto central do medo de lutar por um outro modo de vida é que
você perderá algo enquanto indivíduo. Não importa que este modo de vida nos
faça perder enquanto seres humanos. Contanto que ele me faça ganhar enquanto
indivíduo, eu não luto contra ele. Lutar seria colocar o benefício de outros
acima do seu próprio benefício, e ninguém julga que isto seja algo correto. Até
mesmo anarquistas consideram isso algo incorreto, e quando lutam contra o
sistema, afirmam estar lutando por seus próprios interesses pessoais e
individuais.
Não creio que algo possa ser mudado
sem sacrificar alguns benefícios individuais. E isto porque para chegar até
aqui nós tivemos que causar um enorme dano à natureza e às culturas nativas.
Não podemos reverter esse dano sem algum sacrifício. Mas a palavra sacrifício é
temida pelos anarquistas e libertários. Ela é vista como algo doente, porque
relacionam o sacrifício com a aceitação da exploração. Eu diria que a cultura
civilizada modificou o conceito de sacrifício para que ele represente realmente
isto: a simples conformação a um estado doente: "sacrifique-se pelo
trabalho". Esta é a acepção negativa de sacrifício. Auto-sacrifício
significa perder tudo em troca de algo maior, não apenas algo que transcende o
indivíduo em tamanho, mas em significado.
Como esta sociedade é fundada em
acúmulo, tudo que é "negativo" é algo que devemos evitar: perda,
diminuição, esvaziamento, falta, etc... Tudo que é "positivo" é algo
que devemos buscar: ganho, aumento, crescimento, implementação, etc... Por isso
quando eu ando com uma camiseta com a frase "Você tem que desistir",
as pessoas interpretam como algo depressivo, maléfico, desesperador. O que está
em suas mentes é o que temos que ganhar, e não o que temos a perder. Elas são
ensinadas que toda conversa, por exemplo, deve somar algo, deve ser edificante.
Toda educação deve nos dar mais conhecimento. Toda relação deve ser produtiva.
Uma pessoa empreendedora deve andar "para frente". Ser criativo é
criar, adicionar coisas. Estar bem é estar "para cima". Sonhar com
algo bom é "sonhar alto". Se tornar melhor é se elevar. E assim por
diante.
Se alguém diz que falta algo,
entendemos que aquela coisa deveria ser buscada, porque não admitimos que algo
falte. Quando alguém diz que sobra algo, isso pode ser visto como uma coisa
muito boa, "melhor sobrar que faltar".
Por isso a frase "Você tem que
desistir" é lida como "Você tem que desistir de algo bom".
Quando pensamos em perder ou ganhar, pensamos primeiramente em algo benéfico,
que gostamos, precisamos ou queremos. Por isso ninguém quer perder e todos
querem ganhar. Mas isso revela algo: se pensamos primeiro no que é benéfico, é
exatamente porque isso nos falta. Se estivéssemos satisfeitos com o que temos,
ganhar mais coisas não seria algo tão desejado. Somos carentes.
Nós nos focamos nas coisas que podem
ser adicionadas, e não nas que devem ser subtraídas. Não pensamos nas milhares
de coisas que temos e que nos fazem mal. Pensamos nas milhares de coisas que
poderíamos ter e ainda não temos. Pensamos que lutar por direitos é lutar para
ter o que os outros têm. Lutamos para cumprir nossos desejos. Não lutamos para
garantir algo para um futuro longínquo, quando não mais estaremos vivos.
Se as pessoas se opusessem ao sistema
com tanta determinação, garra, paixão e fúria quanto elas se opõem ao caixa de
supermercado que cobrou o preço errado, ou ao motorista de ônibus que não parou
no ponto certo, ou ao faxineiro que estragou a pintura do seu apartamento,
certamente nós não teríamos tanta sede de justiça, porque essa sede seria
saciada, pelo menos parcialmente...
Então antes de se estressar e de
lutar fervorosamente por seus direitos de cidadão, pense em quanto esforço você
fez pelos direitos de todos os seres vivos que vivem ou viverão neste planeta.
Por: Janos Biro
Consciência Política PM&BM
Do 1º SGT INDIGNADO para o Consciência Política
ResponderExcluirCaro Consciência enviei um email para o grupo AVAAZ com o seguinte conteúdo:
Bom dia. Primeiramente, quero parabenizá-los pelo trabalho de excelência que esse grupo vem desempenhando. Com campanhas criativas e inovadoras de cunho social que nos faz repensar como seres humanos. Sou policial militar do DF e, juntamente, com outros colegas abracei uma causa que não terá benefícios apenas individuais, caso se concretize, mas trará o bem maior para toda a coletividade brasileira. Trata-se da desmilitarização dos segmentos de segurança pública do Brasil. É uma das poucas nações no mundo que ainda adota esse regime, o militarismo nas polícias e bombeiros. Em pleno século 21 essas forças do Estado deviam estar voltadas para a defesa da população como um todo e não o contrário. Mas é isso o que acontece devido a esse regime arcaico chamado de militarismo que oprime até mesmo os seus seguidores. A polícia deve ser cidadã. O militarismo é para as Forças Armadas que devem estar a todo tempo prontas para a guerra. Em resumo, tem-se uma petição pública na internet com o fim de se alcançar um por cento das assinaturas do eleitorado brasileiro e, posteriormente, ser encaminhadao a Presidência da República para melhor discussão sobre o tema. O link é:http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2012N28583
Lembrando aos senhores que o tema é complexo e que também é um dos entraves que dificulta ao Brasil conseguir uma cadeira permanente do Conselho de Segurança da ONU. Gostaria de fazer uma melhor explanação, mas o espaço não me permite. Portanto, agradeço imensamente a atenção fazendo votos que os senhores comprem essa causa também.
Att.
Sgt PMDF Eusvan.
Recebi a seguinte resposta:
Prezado membro,
Muito obrigado por entrar em contato e por apoiar as ações da Avaaz. Atualmente temos uma agenda bastante cheia de campanhas, mas sempre agradecemos pelas sugestões dos membros ao redor do mundo. Todos os dias os membros da Avaaz nos enviam ideias brilhantes e importantes para novas campanhas para criar o mundo que todos nós queremos – são inúmeras sugestões, mais do que a nossa pequena equipe poderia administrar sozinha algum dia. Portanto, nós desenvolvemos nossas ferramentas e website para permitir que qualquer membro da Avaaz possa iniciar sua *própria* petição, avisar seus amigos e iniciar campanhas vencedoras. Clique aqui para começar - demorará apenas 10-15 minutos para criar sua
própria campanha!
https://secure.avaaz.org/po/petition/?gmb
Se você tiver mais dúvidas ou sugestões, sinta-se à vontade para nos escrever um email a qualquer momento.
Obrigado mais uma vez,
Caroline.
Então, meu nobre amigo, veja o que você pode fazer com essa informação, ok? Um abraço.
1º SGT INDIGNADO
NMU
Aff podia fazer um resumo gigante dessa bosta
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