Para a maioria dos brasileiros, política é algo distante e
que não lhe diz respeito. É artigo de luxo para os “desocupados lá de
Brasília”. Experimente fazer o seguinte: pegue um ônibus, sente-se
confortavelmente, até onde isso for possível, abra seu jornal na parte de
política e mergulhe na leitura.
Em
pouco tempo, você será olhado como um marciano. Na concepção popular, nada mais
destoante: um sujeito lendo sobre política num ambiente popular, refúgio dos
homens e mulheres do povo, essa abstração generalizadora e por isso mesmo
equivocada.
Pois
o povo é constituído de gente de todas as esferas sociais, de todos os extratos
de que se compõe uma sociedade. Mas, em que pesem alguns clichês naquela visão
de um “coletivo popular”, o que talvez seja redundante, como a Meca do povo, o
que há, vimos bem, é o contraste entre a concepção da política do “homem da
rua”, e tudo que diz respeito a essa ideia prenhe de equívocos, e a condição
mesma, a “vida como ela é” desse ser destituído (sempre segundo os
estereótipos) de preocupações abstratas que é esse homo popularis.
Se isso é deletério entre adultos, imagine entre os jovens!
Se isso é deletério entre adultos, imagine entre os jovens!
Acompanhar
política é um dever de todos nós. Aqui, eu poderia lançar mão daquele poema do Bertolt Brecht
ultraconhecido, que, resumidamente, nos mostra que a política está por trás de
tudo que fazemos, sobretudo daquelas coisas que nos afetam como cidadãos.
Por
isso, neste ano eleitoral, e não apenas nele, devemos erguer nossas antenas,
captar o que dizem os políticos, o que fazem, o que deixam de fazer, o que diz
a imprensa, vasculhar as coligações partidárias, escarafunchar “aquele”
político, o passado “daquela” prefeita, o que disse lá atrás aquele candidato a
reeleição etc.
Devemos
também estar de olho, de preferência sempre, nas questões geopolíticas. Tudo
isso é política. Tudo isso nos diz respeito. E é tudo que os maus políticos não
querem que façamos. Eles querem a visão popular da política como algo do
interesse privativo de uma minoria e escandalosamente incompatível com a vida
atribulada e terra – a – terra dos mortais cá fora, longe daquele lugar,
Brasília e seus prédios míticos, vistos como uma miragem, tão distantes da
vidinha Severina do povo.
Distância
essa tanto física quanto abstrata. “Esquecem-se” eles, os maus políticos, que tudo
aquilo está a nosso serviço, pago pelo dinheiro de nossos impostos.
Portanto,
arregace as mangas. Informe-se sobre política. Leia a parte de política antes
de qualquer outra. E faça-o na presença de outras pessoas, se puder.
Talvez
seu exemplo, mínimo que seja, leve outras pessoas a ver a política não como
picuinhas inúteis, mas como um instrumento de mudança, de aperfeiçoamento e de
engrandecimento das nossas instituições, que se não forem objeto de nosso zelo,
talvez sejam apropriadas pelos maus políticos.
Do
contrário, teremos a política que merecemos.
Politize-se!
Por Elienai Araújo
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