sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Carta de Reflexão à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal




Quando adentramos a uma realidade qualquer, muitas vezes temos as nossas opiniões prejudicadas por idéias que, embora de senso comum, deturpam os fatos, diminuindo a eficácia da conceituação na medida em que muito do que queremos dizer ser abafado por tudo o que já foi dito.

Nossa postura, ao criarmos este documento é, antes de tudo, um posicionamento cidadão, pois as ideias e observações neste contidas traduzem um pouco do que a experiência de que muito acumulou durante o dia a dia nas práticas policiais militares


Não obstante, faz-se necessária a compreensão de alguns aspectos que, muitas vezes, a sociedade desconhece ou omite, por força das máquinas da comunicação que, quando em vez, prestam por ação ou omissão um desserviço à comunidade, criando mitos e máximas que não correspondem ao real.

Orgulhosos de nossa condição policial, por vocação de prestar segurança aos cidadãos, colocamos em debate questões que nem sempre são levadas em consideração e, o próprio trato da política de segurança, transformam-nos em meros espectadores, como se não fossemos nós, Policiais Militares, parte integrante ou até mesmo preponderante na ordenação do aparelho de segurança do Estado.

Natural que respeitamos a posição dos legisladores, mas a participação na elaboração do modelo a ser adotado ou mantido, não só é necessária, como imprescindível.

Saibam os senhores que não tem, este documento, a intenção do protesto. Mais que isso, visa emprestar subsídios a um tema que ultrapassa um século, sem que nada tenha sido tentado ou feito.

Se um homem é submisso às leis do Estado, temos ali um cidadão, mas o que dizer de nós, últimos profissionais a seguir mandamentos introduzidos ao tempo de D. João VI.

A bula que nos rege, nossos estatutos, tem nada mais nada menos que 203 anos. Ao estabelecermos uma analogia com a época, deveríamos organizar o tráfego de coches, perseguir escravos fugidos e prestar chibatadas na população quando se fizesse necessário e legal.

Trabalhamos em uma profissão onde para que nos casemos, temos a obrigação de comunicar ao nosso oficial superior, como se fôramos não homens e mulheres livres, mas sim subjugados.

O treinamento que recebemos não coaduna com as nossas tarefas junto à comunidade, levando-nos sempre a perguntar dos porquês de sua existência posto representarem desembolso para o estado enquanto de pouco ou nada servirem.

A hierarquia e o excesso de trâmites internos fazem com que nossa corporação esteja extremamente voltada para si mesma, reduzindo o efetivo de policiamento propriamente dito e onerando a sociedade que o sustenta. Trata-se de uma instituição amada por todos nós, mas que requer imediata reflexão da forma como se mantém atrelada a um carro de boi, enquanto o mundo viaja de jatos.

Será vontade política o que falta para solucionarmos as questões de segurança? Ou, pior do que isso, serão vaidades ou interesses feridos?

A vida de um policial militar, em sua grande maioria, está resumida a três espaços: sua casa, onde o pouco que ganha cria problemas de relacionamento e carências; o quartel, onde sofre humilhações injustificadas, pois como o próprio estatuto prevê, soldados e cabos são meros agentes de execução; e a sociedade que julga o todo por pequeníssima parte crendo o policial militar como corrupto e violento.

Bastante fácil é discursar quanto à liberdade de um povo, mas nenhum estadista poderá entrar para a História como democrata, se guetos de tirania permanecerem presentes em sua nação. A Polícia Militar é um deste guetos, pois qualquer trabalhador pode receber advertências ou penas variadas em suas atividades, mas certamente não encarará a prisão se chegar alguns minutos atrasado como ocorre com os Policiais Militares; em dias de folga, o cidadão descansa com sua família, nós, se convocados por qualquer pessoa deixarmos de prestar algum tipo de socorro, ainda que à paisana ou em casa, somos punidos por omissão; se somos feridos ou mortos nada de assistência, recebemos tratamento de segunda categoria, pois não estávamos de serviço.

Nosso progresso pessoal e de nossas famílias não nos pertence, pois escalas de serviço e determinações pessoais impedem-nos de prosseguir a busca pelo conhecimento e, como não podemos ter atividades paralelas, só seremos reconhecidos como honestos se formos pobres; não poucos de nós, embora enfrentando os perigos que a nossa profissão traz, ao fim de uma escala, somos obrigados a uma sucessão de problemas, enquanto nossos familiares residem em ambientes onde os marginais os ameaçam continuamente.

Durante o nosso trabalho, senhoras e senhores, gestos de heroísmo são coisa corriqueira: partos, resgates, apreensões de elementos nocivos à sociedade, dentre tantos outros, no entanto, os meios de comunicação reservam espaço apenas para uma minoria criminosa que utiliza o fardamento como refúgio a ocultar os seus atos.

Nós Policiais Militares, somos pessoas e nosso comprometimento com a ordem do Estado é igual ou superior a de qualquer patriota verdadeiro, por que somos tratados como sub-gente?

O Estado trabalha por modernizar-se, por ganhar agilidade, no entanto, uma das instituições mais presente em seu território prossegue tendo o seu corpo escravizado, retardado em suas ações pelas amarras de um convencionalismo arcaico, desprovido de sentido e discriminatório. Queremos continuar as nossas missões, amamos nossa profissão e ao povo deste país, mas queremos tratamento igualitário, participando de nossa autogestão, opinando para a melhoria dos serviços.

Recentes fatos envolvendo a instituição policial militar em diversos estados chocaram a opinião pública, mas seria necessário que fizéssemos uma indagação: por que eles ocorreram?

Seriam os PMs envolvidos recém convertidos ao crime e à desordem? Ou seriam suas ações fruto de um cansaço que não pode mais se conter?

Serão aqueles homens e mulheres, profissionais de segurança pública, marginais ou sustentados por estes? Ou sua reação seria apenas a proveniente da fome e da desesperança?

Modernização é a palavra de ordem e , a grande maioria dos policiais militares, quer e continuará a servir à comunidade, então por que não utilizarmos isto para conseguirmos ações mais eficazes, mais baratas e mais humanas?

O dinheiro da segurança pública, graças à estrutura vigente, é mal aplicado, pois é autodevorado em despesas que não têm vínculo com a atividade fim, com uma escala hierárquica desnecessária e, principalmente, improdutiva e onerosa.

Compete-nos ir ainda mais longe: o cidadão paga por duas organizações policiais, enquanto poderia manter apenas uma, mais ágil e contundente.

A sociedade como um todo começa a perceber que os quartéis policiais já não têm mais sentido. Os tempos mudaram. Do tempo de D. João só restamos nós, mas queremos deixar as cadeias da história antiga trocando-as pelo serviço do tempo moderno.

Nós trabalhamos pela proteção dos brasileiros, mas não temos acesso aos direitos dos cidadãos. Ninguém quer renunciar ou não às fardas - que, aliás, nós mesmos pagamos - mais do que isso, queremos ser parte integrante da sociedade, podendo trabalhar e progredir, prestando assistência às nossas famílias que hoje não podem sonhar com tempos melhores, que recebem seus pais, mães, maridos ou esposas, esmagados por um regime que já teve seu papel na história dos povos, mas que hoje se revela completamente inútil.

A coragem de expressar-nos, nada mais é do que a certeza de que temos um compromisso com nossa própria história individual. No fim do século da modernidade, não teríamos como construir nossa existência sem a liberdade que enquanto força policial visamos manter.

Realizar o futuro depende muito mais de nós mesmos do que dos acasos do tempo e, cumprir esta máxima, é que nos leva a apresentarmos nossas propostas.

A História da liberdade prevê homens e mulheres andando de cabeça erguida e, não temos motivos, para andarmos com as nossas baixas.

Cremos no exercício pleno da cidadania e para isso deu-nos o Estado os deveres que lutamos por cumprir, resta-nos tão somente a busca do acesso à nossa dignidade, sem a qual nada mais somos que párias, seres de segunda categoria, homens sem ideais.

Nosso trabalho vem sendo feito, nossas idéias não são revolucionárias ou anarquistas, mas a vida de todos nós, em sua qualidade de progresso e esperança, é a bandeira que se ergue.

Fazer o amanhã, compor a sociedade que hoje nos aliena, por diferentes estarmos no tratamento prestado por leis mofadas em quase dois séculos; criar um marco, senhoras e senhores, um ponto de partida para que as pessoas alcancem sua igualdade plena.

Desmilitarizar, esta é a palavra de ordem, pois se isso não se der, corremos o risco de entregar o país à sanha de dois grupos: o dos incapazes enfrentando os dos marginais.

Liberdade é o lema, pois sem esta somos seres indignos o que nos faz não merecedores do nome cidadão.

Nós Policiais Militares, desde já agradecemos, pois queremos que um dia a nação como um todo possa viver em harmonia, prosperidade e paz social, fato que depende da correção de injustiças que ainda perduram, dentre elas esta que vos apresentamos, a de ainda não podermos dizer que somos cidadãos.

 

Muito Obrigado.

 

Sgt Joseny - Novo Movimento Unificado - N.M.U.

Comento:

Você já tem sua carta de alforria?

Somos todos escravos em busca de nossa abolição, vivemos constantemente esperando nossa carta de alforria, estamos tão perdidos e tão presos a querer somente um aumento salarial, as coisas só virão se conseguirmos nos libertar das amarras que nos prendem ao MILITARISMO.

Hoje sabemos que são nossos senhores de engenho e também o capitão do mato.

Pois bem, estamos ligados diariamente ao horário de acordar, tomar um café, dar um beijo rápido nas crianças e na mulher e chegar antes que o Capitão do Mato nos engula e use o chicote.

Nossa escravidão é tamanha que para muitos dos escravos, isso é normal, sabermos exatamente o que vamos fazer depois da xícara de café a tarde, não ter por anos e anos nada de diferente no caminho em que fazemos da nossa casa até o local de trabalho.

E certo que a sua abolição ainda não foi assinada e nem será, porque os senhores de engenho acha que estamos satisfeitos como somos tratados, e sei que muitos acostumados a viver presos aos mesmo ideais que nos são impostos, viva intensamente no seu metro quadrado de tijolos, imaginando o quanto seria feliz longe dali.

Sente em frente do computador navegue mais e mais, leia os blogs, critiquem, vejam pornografia barata, viaje, voe, mas nunca saia do lugar, porque é isto que o sistema quer.

Esperemos a mudança mundial que tanto desejamos vir pela mão do vizinho e não pela nossa, aplauda sempre alguns atos de bondade e caridade alheia, mas volte a esquecer de fazê-los minutos depois.

Até porque a vida é muito corrida para lembrar até de si mesmo.
Prenda-se ao que é conveniente.

Para muitos Deputados, Governadores, senadores e lideres governamental não estão interessados em nossas demandas, eles acham que estamos satisfeitos com as migalhas que são jogadas a nós todos os anos.

Pergunto-lhe: O que te difere dos meus antepassados negros que vieram naquele navio negreiro amontoados de irmãos da mesma aparência?

Respondo amigo: Nada amigo leitor!

Você também é um escravo do sistema do militarismo nas PMs e BMs do Brasil, o que eu sei é que os antepassados brigavam, lutavam, se digladiavam por comida, água e descanso.

Hoje nossas aspirações são outras, mas continuamos, brigando, lutando e digladiando por alguns reais a mais em nossos contra cheque que vai me fazer ser superior ao meu vizinho que tem o carro apenas motor 1.0, ou do outro vizinho sem uma piscina.

As vezes me pergunto o que te prende a esta escravidão diária?

A meu ver é o intelecto de achar que é livre.

E acrescento mais a PM e BM só conseguirão um dia desenvolver serviços de melhor qualidade quando o militarismo for extirpado dessas instituições. É um sistema arcaico, que deve ficar restrito as Forças Armadas, que tem a função de defesa da pátria, e para isso precisa de uma aplicação mais rígida em seus treinamentos, tendo como justificativa que possivelmente terão que matar para manter a soberania da Nação. Fato que não está adstrito às instituições estaduais, portanto, desnecessário essas instituições continuarem militarizadas.

De outro modo o resultado final no que condiz a prestação de serviço para comunidade tem se demonstrado deficiente ao longo dos anos, assim a manutenção do regime é em função apenas de caprichos de altos oficiais que não querem perder benefícios e prerrogativas.

Para tanto as mudanças só ocorrerão se os próprios prejudicados, em sua grande maioria que são, se reunirem e reivindicarem as mudanças necessárias, para assim melhorar o tratamento e treinamento recebido hoje, como conseqüência a melhoria do serviço prestado a sociedade, e também assim poder lutar por melhorias salariais, dignidade e reconhecimento.

Chegou o momento de você Policial e Bombeiro Militar deste Brasil dar o tão esperado grito de liberdade, pois estamos num momento em que devemos escolher o nosso caminho, o que não podemos é ficar parados deixando o Bonde da História passar, temos que adentrar este Bonde e sentar nos melhores lugares, devemos lutar por democracia dentro dos quartéis, pois os Senhores de Engenho demonstram totalmente que estão com medo desta revolução que está vindo de dentro das Senzalas, pois os Senhores tem demonstrado que estão cansados de serem chicoteados pelos senhores do mato, com um arcaico e inconstitucional RDE, devemos nos manter firmes em nossos pensamento o que não podemos é ficar parados, vendo os Oficiais mentindo para a ONU, dizendo que não pode desmilitarizar as PM e BM do Brasil, mentira, porque quando é de interesse eles mudam as leis a bel prazer.

Hoje temos as Leis a nosso favor e devemos usa – las para conseguir a nossa CARTA DE ALFORRIA, que é a DESMILITARIZAÇÃO DAS POLICIAS E BOMBEIROS DO BRASIL, como já disse antes, precisamos de no mínimo 1.500.000 assinaturas, tem gente que fica assinando a petição com nomes como Capitão Tanhia, para que eles estão fazendo isso, simples companheiros, estão tentando minar a nossa petição, simplesmente porque não querem perder o STATUS, de Senhores de Engenho e Capitão do Mato, então senhores cabem a vocês demonstrarem o quanto estão insatisfeitos com uma antiga instituição que demonstra um total desrespeito para os praças, pois como disse anteriormente, temos duas policias dentro de uma única instituição falida, então cabe a você transformar esta policia antiga em uma nova policia onde você será respeitado com um verdadeiro cidadão.

O mundo mudou, as pessoas mudaram, a policia militar continua do mesmo modo de quando DOM JOÃO VI chegou ao BRASIL, e a escravatura ainda impera dentro dos quartéis, mude tudo isso, pois as mudanças só viram se ela vier de dentro das SENZALAS, assim como foi na época da ESCRAVIDÃO.

 

Consciência Política PM&BM

Um comentário:

  1. Procurem uma associação ou contrate paisanos. Imprimam a petição e a levem à rodoviária, metrô, shopping setro comercial. Coloquem paisanos para ficar no local. Façamos isso em todo o Brasil. Rapidinho conseguiremos!

    ASSINEM A PETIÇÃO PÚBLICA EM FAVOR DA DESMILITARIZAÇÃO DA PM E DO BM!
    DIVULGUEM!

    http://tenpoliglota2012.blogspot.com.br/2012/09/policial-e-bombeiro-militar-faca-sua.html

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