Pronta para o Serviço, mas cadê a valorização?
Apesar da Polícia trabalhar mantendo a ordem pública, protegendo a
sociedade, aconselhando, dirimindo conflitos, evitando o crime, investigando,
fazendo a paz ou regulando as relações sociais, é considerada por boa parte da
população como ineficiente, violenta, agressiva e criminosa.
Por conta desses atributos negativos, o desgaste das instituições policiais e dos seus membros é iminente e presente, aumentando ainda mais a ansiedade e a angustia de cada um para constatar o seu estresse, cansaço e desolação.
Apesar do bom policial dar o melhor de si durante o seu labute, de sair
de casa sem saber se volta a ver mais os seus filhos, de ser capaz de dar a sua
própria vida para defender a sociedade contra o marginal, de trabalhar sempre
por um salário não condizente com a importância da sua missão, é veementemente
criticado pela mídia e pelo povo quando por um deslize qualquer deixa de
exercer a sua função satisfatoriamente.
Trabalhar excessivamente lidando com o público, com os problemas brutais
da sociedade, com o perigo constante, com a prevenção e repressão aos crimes
diariamente e permanentemente e ainda não se ver recompensado psicologicamente
e financeiramente, não pode deixar alguém, por mais forte que seja, sem se
sentir cansado e estressado.
Enquanto que para a sociedade o crime comumente assusta e todos são
condicionados a correr de uma briga, a fugir de um iminente perigo, o policial,
por sua vez, deve correr em sua direção e ali estar presente para manter a paz
pública.
Aliados a essa problemática da incompreensão, ingratidão, critica
negativa por parte da sociedade, ainda resta a questão da sobrecarga de
trabalho alcançada por muitos policiais, que por conta dos baixos salários que
percebem, buscam alternativas na vida privada para complementar o seu ganho e
melhor suprir as necessidades da sua família, ou seja, passam eles a fazer o
famoso “bico” nas suas horas de folga, horas essas que seriam dedicadas ao seu
descanso, ao laser, a um melhor convívio com seus filhos e que são perdidas
nessa nova atividade, aumentando assim, consideravelmente o seu cansaço físico
e o conseqüente estresse emocional, isso quando não ocorre morte em confronto
com os marginais.
Infelizmente, também é triste ter que constatar que muitos dos nossos policiais, por absoluta falta de opção e condição financeira, residem na periferia das grandes cidades, por vezes até nos morros ou bairros dominados pelo tráfico. Suas vidas e dos seus familiares correm por um fio e por isso vivem eles a se esconder para que ninguém saiba a sua verdadeira profissão. Quando são policiais militares andam com suas fardas escondidas em sacolas para só vesti-las nos seus locais de trabalho. Essa constante preocupação é também fator de grande somatório para o aumento do estresse para qualquer um que viva tal drama.
É fácil concluir que para haver o saneamento desses problemas,
necessário se faz mudanças de pensamentos e atos do povo, passando a sociedade
a sentir a sua Policia a luz do valor da amizade para em boa cumplicidade
apoiar as suas ações de resgate da dignidade corroída pelo poder publico
através dos anos, ao invés de arrastá-la cada vez mais para o fundo do poço, ao
mesmo tempo em que urge também por vontade política em resolver de vez a
situação salarial e social das Polícias, principalmente com a implantação do
piso nacional, assim como, pela unificação das classes, para uma Policia
efetivamente única e forte, reduzindo o estresse de cada membro, melhorando
assim o desempenho de todos para uma real prestação de serviços à sociedade.
O policial deve também aprender sobre a consciência política, pois
somente assim o mesmo poderá entender como se trabalha na política, com isso o
mesmo poderá escolher melhor seus candidatos, tendo em vista que para conseguir
as mudanças que o mesmo quer, somente ele poderá conseguir que isso ocorra.
*Archimedes Marques
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